domingo, 18 de março de 2007

Partitura

Esta noite sonhei que lia uma partitura diferente.
Um emaranhado de sons bens escritos.
Logo vi que era a escrita de nossos corpos, se amando.
Uma pauta etérea, mistura de sons e silêncios.

Sons que descreviam no ar um vôo, uma graça.
Silêncios que paravam respirando, agradecendo.
Nessa mistura de harmonias, uma melodia logo se destacava.
Nossas mãos escorregando, se perdendo e se encontrando.

Arpejos subindo e descendo, dissonâncias, notas acrescentadas.
Beijando suas costas encontro nuances escondidas, ritornelo.
E a métrica? Fracionada e ritmos suaves sempre a balançar.
Se não fossem corpos se amando seria um balé. Será?

Às vezes um dedilhar inocente encontra a harpa certa. O som ideal.
Às vezes um amor improvável se torna palpável. Um pergaminho.
Às vezes do silêncio tranqüilo nasce um trovão. Um sopro.
Às vezes a música se transforma em perfumes e cores. Teu olhar.
Às vezes o “às vezes” se transforma em sempre. Nós dois?