domingo, 18 de março de 2007

A prova

Era um casal comum indo ao cinema.
Ou era um casal mágico e não sabia?
Um caminho em linha reta, todo torto.
Uma estrada de risos e companhia.
“Somos amantes da sétima arte”
E praticantes de outras, como a alegria.
Renovada no encontro e caminhar.
É hora de descontrair, ver um filme.
Dividir o gosto de menta na língua.
Refletir se a vida imita a arte mesmo.
Ele assiste aos trailers sem sair dos lábios dela.
(Vai ser um ótimo filme!)
De repente tudo virou de cabeça pra baixo.
“- Ai, que paixão maluca”, ele delira.
Mas logo percebe legendas de perna pro ar.
“Um defeito na projeção, já vão corrigir.”
E agora se distrai com o nariz na nuca dela.
(Filme de Arte é assim mesmo!)
Voltamos à nossa programação normal.
Ta meio difícil acompanhar esse filme.
Esqueci a calculadora, tem aí?
Eles grudam-se feito dois ursinhos.
Mas de repente, tudo ficou meio embaçado!
“Esse negócio de lente de contato é um saco!”
Ah não! É o filme de novo? Uma voz contrariada pergunta:
“- Esse filminho aí é brasileiro nega?”
(Agora sua orelhinha é um novo universo!)
E volta o filme again. No pain no gain.
É possível explicar o amor matematicamente?
Se for aquele casal é uma equação infinita.
Ficam cochichando juras um pra o outro.
De repente os cochichos se tornam mais altos.
Ih! Agora o filme ta sussurrando? Ah nem...
Ele sai à caça de um culpado. Alguém tem que pagar!
O funcionário de plantão dorme sentado no hall.
Acorda e em efeito dominó, vai acordar seu superior.
O gerente, bancando boa gente, recompensa os ingressos prontamente.
Rimou?
Agora ele volta pra os braços dela pra terminar a sessão.
Um novo defeito irrita mais ainda a multidão.
Eles, apaixonados um pelo outro e entre si mutuamente, deixam a sala alegremente.“Não há defeito em filme que tire essa gente do sério!” Observa o projetista.