domingo, 18 de março de 2007

Serenata solitária

Tocar no supermercado é uma serenata solitária. Ela ali tão perto, e tão longe. Pra não dizer que estamos na mesma rua, uma é continuação da outra. Como não se foge do trabalho vou tocando uma após a outra, e, como hoje estou pensando nela desde ontem, vou tocando as músicas mais lindas pra um público que me faz invisível.
Chega o intervalo, beber água de coco na praça, conversar com os aposentados. Estranho, mas hoje não sinto a mesma energia dela. Parece que assim como as nuvens que apareceram hoje, ela tem algumas nuvens pra dispersar. Acho que precisa e quer um tempo pra si mesma. Momentos para duvidar, refletir, polir.
Como não se lapida um diamante com o machado, fico aqui na espera. Quem sou eu? Vou opinar? Me intrometer? Na espera brotou a dúvida e na dúvida o desejo. Quem me dera ter uma chave que solucionasse os problemas, ou melhor, abrisse as portas que queremos abertas e trancasse outras tantas!
Olho ao lado. Menos de um metro e vejo um objeto em meio às folhinhas verdes. Ora! Uma pequena chave! Ao alcance de minha mão. Sinto que mesmo escondido, tudo está ao alcance da mão. Guardo a chavinha no bolso e a certeza no coração. Quer minha chavinha emprestada?